por Ana Patricia Carvalho

A notícia de hoje do próprio LinkedIn de que o e-commerce brasileiro cresceu 81% em abril (link ao final) me fez pensar sobre como a digitalização crescente da economia irá impactar a forma como nos relacionamos com as marcas e organizações.

A digitalização das interações sociais já vem de um tempo e seu impacto na forma como nos relacionamos uns com os outros já foi estudado por inúmeros e brilhantes pensadores como por exemplo Zygmunt Bauman em A Modernidade Líquida.

O que abordo aqui é bem menos audacioso e mais direcionado à recente aceleração da transformação digital no Brasil.

A falada transformação digital que vinha ocorrendo no Brasil, mais timidamente que em outros mercados do mundo, foi turbinada pela pandemia do Covid-19 e a necessidade jogou por terra os receios e inverteu as prioridades anteriores. Crises tem esse poder. E quem ainda ponderava investir no e-commerce, criar chatbots, ou mesmo adotar a educação a distância e o trabalho remoto precisou correr muito para não ficar para trás.

Mas o que muda não se resume à tecnologia. Muda a forma de relacionamento, como estabelecemos vínculos.

Somos projetados para viver em relacionamento. Necessitamos do contato físico, buscamos validação nas trocas com os outros, compartilhamos experiências e sentimos confiança ao olhar nos olhos uns dos outros.

Quem já fez alguma transação on-line provavelmente já viu a frase Eu não sou um robô (I am not a robot) em alguma forma de verificação de que de fato há uma pessoa por traz da compra, cadastro ou outra transação sendo feita.

Para além da validação de segurança, isso de fato deveria estar sempre presente para as marcas e organizações – Marcas e organizações são pessoas que se relacionam com pessoas.

Por mais tentador que seja em tempos de big data e marketing digital, seria um erro tratar seus clientes, consumidores, colaboradores ou parceiros como um conjunto de dados a ser explorado.

As organizações cada vez mais terão que encontrar formas de estabelecer vínculos mais humanos com clientes, colaboradores e a sociedade, onde a intenção, o propósito seja relevante e claro. As pessoas irão se perguntar “Afinal o que você faz por mim e pelo mundo? “ ou mais ainda “O que você fez por mim e pelo mundo nesse momento de crise?”

Não há espaço para truques.

Recentemente uma marca de moda conhecida lançou uma ação de venda de mascaras durante a pandemia que foi rapidamente percebida pelo público como oportunismo e precisou cancelar a campanha.

Me vem a memória um texto do José Carlos Teixeira Moreira sobre o Eficiente e o Dignificante (cometo a heresia de citar aqui alguns trechos,  vale muito a leitura completa) em que ele fala que o eficiente cuida para que tudo aconteça sem atrito e desperdício enquanto o dignificante reflete o sentido e significado no foco dos clientes e da sociedade promovendo a prosperidade do todo. O eficiente muda com a tecnologia já o dignificante pertence ao campo da lembrança… ou porque não dizer ao campo do humano.

https://www.linkedin.com/feed/news/e-commerce-brasileiro-cresce-81-em-abril-4874748/

#Proposito #Impacto #Digital